Uma carta-confissão, de autor desconhecido

Está é uma carta-confissão, portanto o mais breve e com o menor número de lamúrias possível. Eu, que tanto ODEIO mentira, me peguei no meio de uma e ainda por cima como autora, faltando com a verdade (viva os eufemismos) para uma de minhas melhores amigas. Por quê? Não por ser falsa, mas pela maldita covardia...

Justo eu, que sempre dei a cara à tapa, estou aqui tentando me esconder das minhas responsabilidades. Toda ação tem uma reação, lei da Física lazarenta que tão bem se aplica a vida cotidiana. Sempre foi mais fácil e cômodo colocar a culpa nos outros... Que feio!

Talvez por medo de te decepcionar, pela sua cara de brava e desaprovação ao me questionar, não tive coragem de dizer a verdade. E no final das contas, essa droga virou uma enorme bola de neve. Saaaaco, até parece que Murphy ia deixar eu me livrar dessa lição. Eu nunca, NUNCA, iria imaginar que uma simples mentirinha ia dar tanto pano pra manga.

E o pior, chega uma hora qye a gente "não pode" mais voltar atrás. Então, muito "burramente", continuei a alimentar essa história, pois a vergonha era tanta que eu não conseguia mais admitir meu erro. Tentei (inutilmente) jogar um balde de água fra, mas obviamente não deu, pois o fogo já havia se alastrado. E uma coisa é fato: no fim... eu SEMPRE me fodo!

Ontem, até fui deitar mais cedo para matutar sobre o assuntos e arranjar um jeito de contar a verdade, ou pelo menos de tirar o meu da reta. Hoje pela manhã, quando vi que não mais seria possível, tive uma rápida (porém intensa) batedeira. Realmente os fatos estavam para vir à tona.

Até sentei-me ao seu lado para conversar, mais novamente foi mais fácil inventar mais e mais lorotas ao invés de confessar a cagada. "Merda quanto mais a gente mexe, mais fede", pensei sozinha no banho numa tentativa de justificar para mim mesma essa ridícula fraqueza.

Não sou boa com as palavras faladas, por isso estou aqui te escrevendo. Além disso, a vergonha é tanta que não me deixa abrir a boca e falar tudo que está engasgado na minha garganta. E o medo de te chatear, da repercussão (e do merecido puxão de orelha), de perder sua confiança? Não, realmente NÃO valeu a pena toda essa confusão e queria MUITO poder voltar no tempo, mas não posso...

Estou vendo na prática a aplicação do famoso ditado: "cavar a sua cova com as próprias mãos". Estou profundamente arrependida pelo que fiz e peço, de coração, as minhas mais profundas desculpas. Eu não tinha o direito de meter você e mais ninguém nessa loucura por causa da minha covardia.

Você me perdoa? Espero que sim... talvez, bem lá no fundo, você já soubesse que tinha sido eu. Mesmo assim me deu um voto de confiança o qual eu não soube dar valor. Estou chateada comigo mesma e muito envergonhada, pois essa não sou eu, não faz parte dos meus princípios mentir, não faz parte de mim :(

Sem querer abusar, queria pedir mais algumas coisas e se você puder me atender, desde já agradeço:
1) Me desculpe por tudo e tenha certeza que não sou uma falsa e dissimulada e sim uma cagona. De Capitus o mundo está cheio e não quero ser mais uma delas...
2) Não comente essa carta comigo, pois só eu sei como será difícil entregá-la e olhar para você depois. Avergonha será terrível, mas pelo menos já me sinto mais aliviada.
3) Se quiser me responder pode ser por e-mail ou MSN? Não queria ter que passar pelo desgosto de falar sobre isso pessoalmente. Me contentaria com um sutil comentário: "Sua vaca, já li e você está (ou não) desculpada!".

Bom, acho que vou terminando por aqui. Você não imagina o medo que estou sentindo pela possível repercussão dessa carta sobre a nossa amizade. E acredite: já aprendi a lição que sempre soube a vida inteira, MENTIR não vale a pena e mais dia ou menos dia a verdade sempre há de chegar... e chegou! Estou muito decepcionada comigo e isso dói demais.

Espero que essa dura labuta tenha chegado ao fim e com o melhor final possível: o seu sincero perdão. Beijos de sua amiga, que infelizmente meteu os pés pelas mãos, mas que acima de tudo te ama demais! :)