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"Tudo voltou ao normal. No caso, correria, trabalho, noites mal dormidas, mau humor. Tempo mínimo para alguma luxúria, porque também sem um carinho, como diria Chico, ninguém segura esse rojão.
O problema destas fases onde tudo é para ontem, é que antes do primeiro bocejo matutino você já está atrasado. E estando atrasado, tudo o que não é dever há de esperar. Como por exemplo cortar o cabelo.
E você desmarca o salão. Pela terceira vez. E seus cabelos, que além de crescerem em ritmo de festa, começam a cachear. Para usar um termo chique, porque o certo seria matagar (sic).
Com uma semana você passa a não olhar superfícies espelhadas. Com duas, receia ser parado pela carrocinha. Com três, bem, você relaxa e começa a pensar em usar uma pena na orelha e reinventar a Tropicália.
Como tudo o que é ruim pode piorar, entre um café e um cigarro o seu chefe comenta, e esse cabelinho, hein? E o prazer outrora proibido de ser prazer vira dever. E você realiza que se não levasse tudo tão a sério, além de ter dormido sem essa, poderia ter dormido com um cabelo de gente."
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