"A precisão de conceitos é essencial à Psicologia e nem sempre os próprios profissionais da área se ocupam muito com isso. Assim, vou chamar de "viver bem" a uma qualidade de vida na qual sejam mínimos os desconfortos que podem ser evitados. As grandes dores de cabeça e frustrações que a vida nos impõe têm de ser superadas por meio da reflexão e da docilidade frente ao destino humano. Agora, existem muitas sensações desagradáveis que podem ser resolvidas por nós mesmos.
Quando estamos com fome, com sede, com frio ou outros desconfortos físicos semelhantes, sentimos uma mal-estar derivado de estarmos longe do ponto harmonioso que chamamos de homeostase. Quando isso acontece, sentimo-nos inseguros e insatisfeitos. Ao conseguirmos, no exemplo dado, saciar a sede e nos cobrir adequadamente, experimentamos um curioso prazer que deriva do fim do desconforto. Pode ser chamado de "prazer negativo", pois nos leva do estado ruim para o ponto de equilíbrio. É o tipo de prazer que depende da existência de um desprazer anterior que terá de ser resolvido.
Quando uma pessoa fica por um bom tempo sozinha, ela também costuma se sentir inquieta, com um "buraco" no estômago, como se estivesse faltando algo. Essa presença negativa se atenua muito com a presença de pessoas queridas, quer sejam amigos, paredes ou a pessoa amada. Os afetos correspondem a um prazer negativo: diminuem a dor que sentimos quando estamos sozinhos.
Viver bem é estar em paz, próximo do estado de equilíbrio em que não estamos sujeitos a nenhum grande desconforto. Eles ressurgem sempre e é aí que devemos tratar de resolvê-los o mais rápido possível.
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