quinta-feira, 26 de abril de 2012

Nas asas do tempo - Neandro Vilalva Miranda





"Eu quero ter apenas o medo suficiente para que eu possa vencer.

Eu quero ser criança e reaprender a voar.
Sim, porque eu voava. Eu voava sobre as planícies e observava os animais selvagens formarem figuras geométricas enquanto corriam.
Eu sentia o vento no rosto e me deliciava com o frescor da manhã.
Subia cada montanha e me jogava de cada pico.

Agora, eu sempre preciso de escadas.
Eu sempre preciso pensar antes de pular.
Foi-se a espontaneidade e nem pareço ter liberdade.

Eu só precisava dormir.
Mas dormir era tão mais simples. Eu só precisava ouvir histórias para depois vivê-las.
Agora as histórias parecem tão mais desinteressantes - quando não cruéis.

Finais felizes nem eram necessários.

As histórias deixaram de ser contadas à beira da cama.
As canções não são mais de ninar.
Eu já nem sei quem é o monstro; e não sei quem é o príncipe ou a princesa.

Tudo se transformou.

O tempo tomou minhas asas e aprendeu a voar.
Mas o tempo apenas cumpre seu papel.
Não está pior. Está mais difícil.

Finais felizes ainda não são necessários.
É preciso viver a história.
O começo pegou carona com o tempo e o fim nunca pertenceu a alguém."

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