segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Carta sem destinatário...


Quando você disse ficou em silêncio, não entendi. Simplesmente, por me parecer tão estranho que você, meu grande amigo, pudesse esconder alguma coisa de mim.

Ontem não queria dormir. Sinceramente eu até tinha sono, mas precisava pensar e passei horas rolando na cama pensando em nós dois. Pela manhã, abri o maior dos sorrisos em frente ao espelho relembrando da nossa conversa no dia anterior. Por um segundo, todas as coisas fizeram sentido. Em seguida, chorei. Me senti sozinha, tão pequena e impotente.

Até pensei que eu pudesse ser bipolar... Soube então, por um instante infindável, o que te fez chegar até mim. Somos tão diferentes, mas nossa amizade é realmente especial. E achei que fazíamos um casal engraçado, tipo Rui e Vani, vivendo aquelas situações bizarras de "Os Normais", que depois de uma briga resolviam tudo entre quatro paredes. Então ri de novo e me senti bem.

Foi como se aquele momento tivesse valido por este ano inteiro, que foi horrível. É difícil de explicar, mas a idéia de certa forma se ajustou. Mas depois de pouco tempo, ela não se ajustou mais. Amigos, amantes ou o quê?

Eu não sabia o que você esperava de mim. Ou pior, se ao menos esperava alguma coisa. Você queria uma amiga para conversar? Alguém para dividir os momentos ou só para dormir junto? Me dê uma luz... Não estou te cobrando nada, só queria entender o que acontece para não mais criar falsas expectativas e findar por aqui minha coleção de decepções.

Vi que NADA tinha mudado. Continuamos perdidos como estávamos. Tudo continua complicado ou só chato mesmo. Ainda não sabemos o que estamos fazendo aqui, pelo menos eu não sei. E vi também que TUDO mudou. Nada é como antes. Entendeu? Eu também não...

E antagonicamente, depois de tanto pensar e não chegar à lugar nenhum, fiquei simplesmente feliz por ter você ao meu lado e saber que independentemente do que se passe entre nós, posso contar com você.

Fazia tempo que ninguém me surpreendia e aparecia para mudar essa minha visão de mundo, até então estática e não muito promissora. Com sua chegada me senti possuidora de coragem, com vontade de jogar tudo para o alto e correr atrás dos meus sonhos. E fiquei tão orgulhosa de você que quis cutucar alguém nas costelas e dizer: "olha lá, ele é meu amigo (e pode ser muito mais)!".

Quis gritar para todo mundo e ao mesmo tempo guardar só pra mim. Era fantástico, diferente e simples. Achei que nos aproximamos um passo, cortando o vazio das palavras não ditas. É amor mesmo... Fraternal? Carnal? Sei lá, mas é um amor que só dois amigos, companheiros de verdade, podem experimentar.

Tive que escrever porque pareço mais lógica quando escrevo, mas nem assim consegui me expressar. Hoje quando acordei consegui levantar da cama sem nenhum esforço, que milagre! Todas as pessoas ao meu redor estavam dotadas do poder de serem únicas. Às vezes, me esqueço de dizer à elas o quanto são especiais para mim.

E quando olhei pra você, vi que ainda era o mesmo. Só que meus olhos pareciam ver mais cores. Nada parecia estranho, mas tudo estava fora do lugar. Sei que não faz sentido, nem eu estou me entendendo, "só sei que foi assim" - disse sabiamente Chicó, em o Auto da Compadecida.

Em suma, o que eu queria dizer é que ainda estamos como naquela foto que você me deu: Chaplin e o garoto, parados, esperando. Ligeiramente tristes e sem saber o que fazer. Porém é como se estivéssemos sentados um pouco mais próximos e se um de nós esticar sua mão, agora eu sei, que o outro estará pronto para segurá-la.

Você me trouxe de volta o conforto da confiança e sei que esse carinho sempre nos unirá. Obrigada por tudo :)

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